sexta-feira, 30 de março de 2018

BOA PÁSCOA 2018

iPad, desenho a dedo, JPBessa

quarta-feira, 28 de março de 2018

ANÁLISE DA FASE REGULAR DA CN1B

O CDUP, com uma capacidade competitiva média de 86% - superior em 16% ao melhor classificado, Agronomia, do CN1A - fez uma quase excelente época no CN1B contando por vitórias todos os jogos disputados. Mas, sendo a 3ª equipa em pontos sofridos, mostra, para além de algumas deficiências em termos de coesão colectiva (uma das resultantes de uma boa coesão é a elevada capacidade defensiva) algumas debilidades defensivas como se percebe na relação entre a Taxa de Sucesso (% de vitórias) e a Quota de Pontos de Jogo e é ainda verificável através do Factor de Vantagem. Esta debilidade defensiva para uma equipa que, na próxima época, irá estar a disputar a divisão principal deve merecer um cuidado especial no que toca à sua próxima preparação - por razões de calendários o CDUP terá entrado em mais de 5 meses de "férias" num disparate de planeamento anticompetitivo e desajustado.   
A capacidade atacante do CDUP ficou bem demonstrada no volume de ensaios marcados (52 com uma taxa por jogo de 5,2) e nos pontos de bónus conseguidos (6) em 10 jogos. Com menos ensaios sofridos ficou a equipa do Técnico que conseguiu 5 pontos de bónus ofensivos mas averbou 3 derrotas - duas contra o líder CDUP e uma contra o Montemor.
O quadro seguinte mostra que a competitividade deste grupo se limitou às três equipas que se qualificaram nos lugares imediatamente abaixo do CDUP.  
Valendo 6 pontos no Índice de Competitividade - justificáveis na diferença entre as 10 vitórias do primeiro classificado e as zero vitórias do último classificado - este campeonato CN1B foi, na compatração da competitividade dos diversos campeonatos desde 2000, o mais desequilibrado de sempre - naturalmente no que comparativamente diz respeito aos campeonatos cimeiros da modalidade.
Algoritmo VCoucello
Se aliás, olharmos para o quadro seguinte podemos verificar, através de valor das dimensões de análise que definem a Quota de Pontos de Jogo e a Taxa de Pontos de Classificação que a relação entre os resultados conseguidos pelos clubes que disputaram o campeonato da divisão principal do ano passado e que este ano disputaram o CN1B é bastante favorável a esta época.
O que significa que, tendo diminuído bastante as dificuldades competitivas de cada equipa, o actual campeonato CN1B se apresentou mais desequilibrado e com jogos de menor nível competitivo do que aqueles que tiveram de enfrentar na época passada.
Estes valores, bem como os valores que resultam da análise do Índice de Competitividade, têm importância quando se pensa em aumentar ou diminuir o número de equipas participantes num campeonato e devem sempre ser tidos em conta, permitindo balizar os limites e não deixar que as coisas aconteçam subordinadas as outras condicionantes que não as de mero valor desportivo. Para que um campeonato seja competitivo é necessário que seja o mais equilibrado possível, isto é, que os resultados não sejam adivinháveis e que qualquer equipa possa mostrar-se capaz de vencer qualquer um dos jogos - com enormes vantagens quer para as exigências técnico-tácticas das equipas e dos jogadores, quer para o interesse que possa despertar nos espectadores.
Para a próxima época o campeonato principal será disputado por oito equipas e se o CDUP se mostrar capaz de atingir as expectativas que conseguiu criar esta época e o Técnico - tendo ainda, num disparate desportivo sem nexo mas a imitar o maior disparate da Rugby Europe, de disputar um jogo de barragem com o primeiro classificado da CN2 que, em salto de cavalo, ultrapassa 4 equipas melhor qualificadas - conseguir resultados equivalentes aos da época passada podemos, tendencialmente, acreditar num campeonato equilibrado e competitivo. Mas que exigirá das equipas uma boa preparação.
Um campeonato equilibrado e competitivo será bom para todos: equipas, jogadores e espectadores. E naturalmente para o Rugby português que nesse equilíbrio terá uma plataforma de desenvolvimento como base de resultados internacionais que o projectem interna e internacionalmente.

ENORME CONFUSÃO: QUEM JOGA CONTRA QUEM?

Depois das questões levantadas - questões essencialmente éticas e que leva a nova reunião decisória da Rugby Europe amanhã, 5ª feira - pelo Bélgica-Espanha agora, qual cerejas, surgem novas acusações. Desta vez pelo uso indevido de jogadores no nível internacional.
A Alemanha acusa a Bélgica de ter utilizado um jogador - Victor Paquet - não elegível de acordo com a leis internacionais da World Rugby, no jogo entre ambas. A Rússia acusa a Roménia - pela utilização de Sione Faka'osilea, nascido em Tonga - do mesmo recurso a jogador não elegível. A Espanha vê-se também acusada nas suspeitas de que quer Thibaut Visensang quer Mathieu Bélie - que terão sido internacionais pela França Sub20 embora o caso do primeiro pareça sem problemas - ou Bastien Fuster não seriam elegíveis para os jogos efectuados.  
As possíveis consequências são simples mas grandes e de elevados prejuízos: se a Bélgica for desqualificada, a Espanha - se não tiver problemas com os seus próprios jogadores - ficará directamente apurada para o Mundial e serão os belgas a disputar com Portugal o jogo de barragem Championship/Trophy da Rugby Europe. Se a Roménia for desqualificada, será a Rússia - caso não haja problemas com a Espanha - que disputará a eliminatória de acesso ao Mundial com Portugal. Se houver problemas com a Espanha e juntando todos os outros, será, pelo menos por agora, a Rússia a ir ao Mundial, disputando a Alemanha o jogo de acesso com Portugal, mantendo-se os belgas na disputa do jogo de barragem. Se isto for por partes, isto é que haja decisões que não sejam idênticas por óbvias justificações, só a análise caso acaso decidirá quem joga contra quem e quem vai ou fica. Bonito, longo e muito prejudicial para a imagem que o Rugby gosta de ter no mundo...
Lembre-se que a World Rugby acabou de desqualificar Tahiti - que venceu, na qualificação para o Mundial, as Ilhas Cook por 13-9 - por utilização de dois jogadores, Guillaume Brouqui e Andoni Jimenez, considerados não elegíveis.    
Apesar das diversas alterações ao longo dos tempos - a última foi em Maio de 2017 que, entre outras coisas, resolveu  o problema de cativação que a nomeação das "segundas equipas representativas" nos Sub20 criou - as imposições regulamentares da World Rugby para a elegibilidade de jogadores são, embora complexas, claras e encontram-se na Regulation 8.
... Tanto se enche a boca com os valores que, embevecidos, nos esquecemos de os aplicar no quotidiano...

segunda-feira, 26 de março de 2018

O QUE COMEÇA MAL...


Cumpriu-se a obrigação de ganhar. Foi o que valeu num jogo em que Portugal esteve muito fraco e eliminado da disputa do jogo de barragem até aos 73'. Começando a sofrer um ensaio aos 6' e mostrando debilidades defensivas, a equipa portuguesa começou a fazer-nos temer o pior. O que até não seria de admirar muito se olhássemos para a composição da equipa.
A COESÃO é dado como o factor mais importante para o sucesso de uma equipa em jogos desportivos colectivos. E um dos aspectos mais importantes para construir a coesão é o tempo que os jogadores somam a jogar juntos. E percebe-se esta exigência: só o tempo junto é que permite o mútuo conhecimento, o tipo de reacções, as manias, a forma de jogar, o tipo de passe em cada situação, etc. etc. E, na selecção constituída para este jogo, a linha de três-quartos nunca tinha jogado junta naquela distribuição de posições. E esse acréscimo de dificuldades trazido pela dessincronia entre os diferentes jogadores, causa enormes problemas quer na construção atacante, quer na solidez defensiva. Valeu-nos o facto da Polónia ser uma equipa com a ingenuidade típica da 3ª divisão e não se mostrar capaz de segurar uma vantagem de 10 pontos durante os últimos 30 minutos do jogo.
Na substituição, embora tardia, do médios iniciais com colocação dos dois médios habituais de Agronomia nas posições de construtores do jogo esteve, muito provavelmente, a mudança que possibilitou a chegada à vitória. Porque essa mudança aumentou a coesão da equipa!
E sem uma equipa coesa é sempre demasiado arriscado garantir as vitórias necessárias no nível internacional, onde, por mais desequilibrada que a competição seja - e este Trophy da Rugby Europe é uma prova muito desequilibrada com um Índice de Competitividade muito baixo e onde a quase totalidade dos resultados é previsível - tem sempre um nível superior aos hábitos internos em termos de pressão e de exigências tácticas.  
A selecção portuguesa conseguiu neste jogo o maior número de bolas disponíveis (118) deste campeonato. Mas também conseguiu a percentagem mais baixa de ultrapassagem da Linha de Vantagem de todos os jogos que fez nesta época.
De facto, os jogadores portugueses cometeram uma enormidade de erros - a grande maioria não-forçados - perdendo cerca de uma trintena de bolas, incluindo o desperdício de pontapés em movimento que caíam nas mãos de três-de-trás adversário. Felizmente que os polacos, dividindo assim os erros, também nos entregaram igual quantidade de bolas, nomeadamente em pontapés.
Muito mal se utilizou o jogo-ao-pé... Se com a novas leis do ruck - em que o defensor tem cada vez menos de envolver jogadores - a construção das linhas defensivas está facilitada, o jogo-ao-pé tem de ser cada vez mais utilizado como arma atacante capaz de encontrar espaços livres ou de criar novos. Mas para que assim seja, o jogo-ao-pé atacante tem que ser objectivo e ultrapassar o conceito de alívio, tendo que ser dado com condições efectivas de recuperação da bola - o velho "mostrem-me os números das vossas camisolas" do king Barry John continua a ser uma óptima máxima.
E como não é possível estar em dois sítios ao mesmo tempo, o jogo-ao-pé tem que ter o sentido táctico de saber dividir o três-de-trás adversário, obrigando-o a movimentar o pêndulo em tempo desconfortável - porque imposto - e criar-lhe problemas de decisão na ocupação da melhor posição no campo - se próximo da linha, se em defesa profunda. No entanto e em vez disso o jogo-ao-pé português limitou-se ao despacho e entregou praticamente todas as bolas nas mãos dos defensores, perdendo assim a iniciativa e dando tempo ao adversário. Que, repete-se mostrou a ingenuidade suficiente para não ser capaz de ganhar o jogo que teve na mão.
No que diz respeito ao jogo-de-passes, os jogadores portugueses também cometeram muitos erros, nomeadamente pela má colocação que impedia a entrada no passe ou pela falta de velocidade na recepção - e quando, num ou noutro momento, houve essa velocidade, falhou a sincronização. Valeu a lentidão de reorganização defensiva polaca para que a recuperação, se havia, não fosse eficaz.
E, falando em defesa, os portuguesas não foram suficientemente incisivos nas placagens, deixando-se ficar na comodidade da posição defensiva de "deixar entrar" o portador da bola e dando assim a oportunidade à manutenção da continuidade dos movimentos. E por isso o jogo esteve nas mãos dos polacos...
Agora a questão essencial é esta: como vamos preparar a equipa para o jogo de respescagem contra a Alemanha que só pode ter como objectivo a subida ao Championship da Rugby Europe? Aquilo que mostrámos ser capazes nestes dois últimos jogos contra adversários de fraco nível, não chega para assegurar a vitória - falta-nos intensidade, falta-nos visão táctica, falta-nos verticalidade no jogo. Como vamos fazer?

sexta-feira, 23 de março de 2018

GANHAR NA POLÓNIA É OBRIGATÓRIO


Base: Ranking World Rugby
Apesar de nunca ter ganho na Polónia - como se enfatiza no site da FPR - Portugal tem o dever de ganhar nesta visita. E por duas ordens de razões: a primeira porque a Polónia não é o que já foi; segunda, porque se Portugal quer aproveitar a oportunidade para subir à divisão principal da Rugby Europe e como está com um ponto de atraso em Relação à Holanda que já fez os seus cinco jogos, tem de ganhar - vá lá, a derrota com um ponto de bónus chega, mas ninguém deve jogar com esse objectivo.

Fonte: Rugby Europe
De acordo com o posicionamento e valor pontual do ranking da World Rugby, o resultado normal deste jogo deve ser uma vitória para Portugal por 10 pontos de diferença.
Fonte: Rugby Europe 
A distribuição dos jogadores seleccionados por clubes mostra-se no quadro acima: Direito e CDUL, com 9 jogadores na equipa inicial, dão o maior número de jogadores. Estranhamente corre nas redes sociais que Gonçalo Uva, com a mão partida (!), irá jogar o seu 99º jogo internacional. Espero que se trate de uma brincadeira...

VERIFICAÇÃO

O valor de 51,4 encontrado para o Índice de Competitividade do CN1 da época 2017/2018 identifica-se com os valores encontrados para os campeonatos das épocas iniciadas em 2000 e terminadas em 2003 e que foram também disputados por 6 equipas.
Verifica-se assim que os campeonatos portugueses mais competitivos acontecem - com elevada diferença de nível - quando o número de clubes é reduzido a 6. Na época ano de 2002/2003, Portugal ficou em 1º lugar no Torneio Europeu das Nações depois de duas épocas - das estudadas aqui - de elevado nível competitivo. Em 2007/2008 e depois de um campeonato com o nível competitivo mais elevado (34) desde o abandono da disputa por 6 equipas, Portugal esteve presente no Mundial a que se seguiram duas épocas correspondentes ao mais baixo nível das épocas referenciadas. Com o aumento para 10 equipas o Índice Competitivo esteve sempre abaixo da média obtida para as épocas analisadas.

quinta-feira, 22 de março de 2018

ANÁLISE DA FASE REGULAR DA CN1A

Base: Algoritmo VCoucello
A primeira ilação a tirar da Fase regular do actual CN1 - a prova mais importante do calendário nacional - é que a redução da competição a 6 equipas produziu um equilíbrio competitivo muito superior - o que nada significa em termos de qualidade de jogo - às épocas em que o campeonato se disputou com 10 equipas como se pode ler no gráfico do Índice de Competitividade de 2012 a 2018. Situação que é demonstrada pelas três vitórias em 10 jogos conseguida pelo sexto e último classificado, a Académica. Na época passada as duas equipas nos dois últimos lugares da classificação somavam apenas 2 vitórias. No que diz respeito a pontos de bónus defensivos a época passada somou um total de 16 pontos - 1,6 por clube - para esta época somar 11 pontos numa média de 1,8 por clube para um terço do volume de jogos.
O quadro Sequência de Resultados mostra a distribuição de vitórias e derrotas - não houve empates - assim como a distribuição dos pontos de bónus ofensivos e defensivos podendo verificar-se que o maior número de vitórias pertence ao segundo classificado - o Belenenses - com 8 e que a posição de líder de Agronomia se deve à sua capacidade de ataque e de marcação de ensaios (47) - ver gráfico Ensaios, Factor de Vantagem e Pontos de Bónus Ofensivos - que lhe permitiu conquistar 8 pontos de bónus - 5 ofensivos e 3 defensivos - contra apenas 3 ofensivos do Belenenses.  
Nesta mesma tabela pode verificar-se que metade das equipas - Direito, CDUL e Académica - não conseguiram qualquer ponto de bónus ofensivo.
Aliás, como se pode ler no gráfico Resultados em Casa e Fora, estes mesmo clubes e ainda o Cascais não conseguiram qualquer vitória fora mas pode retirar-se do mesmo quadro que o factor casa ganhou peso com um mínimo de 30% de vitórias caseiras conseguidas. Mesmo tratando-se - com excepção das idas a Coimbra - de viagens curtas, o factor visitante tirou conforto e portanto capacidade e eficácia às equipas. Dominadores em casa foram Agronomia e Belenenses, "viajando" esta última equipa melhor do que a primeira com apenas 2 derrotas fora contra 3 dos agrónomos.  
O quadro acima de Ensaios, Factor de Vantagem e Pontos de Bónus Ofensivos permite, antes do mais, concluir da dificuldade de marcação de ensaios pelas equipas deste CN1. Quatro das equipas - Cascais, Direito, CDUL e Académica - têm um Factor de Vantagem negativo e não conseguem suplantar o número de ensaios sofridos sendo o CDUL a equipa que se aproxima mais do equilíbrio. Este quadro mostra também a capacidade ofensiva de Agronomia que conseguiu o maior número de ensaios marcados (47) mas também, o que significa capacidade de adaptação defensiva, o menor número de ensaios sofridos (14). O segundo classificado, Belenenses, com um Factor de Vantagem de 0,76, marcou 37 ensaios e sofreu 21. Direito, classificado para a fase final na última jornada, apenas marcou 9 ensaios - a equipa com menos capacidade atacante - e sofreu 23 para um Factor de Vantagem de -0,59 só suplantado pela Académica com -0,69. Dos apurados para a Fase Final, o Cascais é a equipa com pior índice defensivo - 30 ensaios sofridos. 
O quadro Capacidade Competitiva mostra a relação entre as diferentes equipas e a validade da sua posição classificativa através da Taxa de Sucesso (número de vitórias/número de jogos), Quota de Pontos de Jogo (pontos de jogo marcados/somatório de Marcados e Sofridos), Taxa de Pontos de Classificação (pontos de classificação obtidos/pontos de classificação possíveis), Capacidade Competitiva (como resultado da média dos anteriores factores) e mostra bem a diferença de eficácia que os dois primeiros classificados, bem acima da média, conseguiram face aos seus adversários. A comparação da Taxa de Sucesso com Quota de Pontos de Jogo permite perceber a maior ou menor vantagem das vitórias - pode assim ver-se que, apesar da menos Taxa de Sucesso, a Quota de Pontos de Jogo de Agronomia indicia vitórias mais folgadas do que as do Belenenses, o que se confirma pelo número de pontos de bónus obtidos por cada equipa.  
As quatro equipas com Factores de Vantagem negativos - Cascais, Direito, CDUL e Académica - são as mesmas que têm a sua Capacidade Competitiva abaixo da média. Curioso é também verificar que a posição classificativa - numa demonstração evidente da importância dos pontos de bónus que parece aumentar de acordo com o menor número de jornadas - entre o Cascais, Direito e CDUP como indiciam as colunas verdes do gráfico, se faz através de pontos de bónus defensivos uma vez que já se tinha visto, pelo gráfico anterior, que nenhuma das equipas atingiu o bónus ofensivo.
Deste conjunto de dados - que demonstram a maior competitividade mas fazem duvidar da qualidade do jogo - pode inferir-se que as dificuldades qualitativas estão relacionadas com as dificuldades do aumento do nível competitivo. Mas significa também que a qualidade de um jogo em situação de menor competitividade é apenas aparente - a real qualidade vê-se no melhor nível competitivo. O que significa que, para desenvolvimento e melhoria da qualidade do jogo, é preciso garantir o equilíbrio competitivo, a competitividade. E só se atinge um bom nível qualitativo permitindo hábitos competitivos permanentes e equilibrados. O desequilíbrio competitivo apenas permite massacres e não competição.
Pelos dados a que se tem acesso pode saber-se qual a equipa que marcou mais ensaios, que marcou mais pontos, que conseguiu melhores resultados. Mas nada se sabe, por falta de estatísticas capazes, sobre o que diferencia a qualidade - ou da falta dela - de uma equipa das suas adversárias. E sabê-lo ajuda à melhoria das prestações competitivas de cada equipa. Não o saber mantém a possibilidade de desenvolvimento no domínio do felling. Isto é, do parece... 
Pode argumentar -se que contabilizar estatisticamente jogos obriga a dispêndio de verbas elevadas - o que, devendo ser analisado na relação custo/benefício, não pode servir de desculpa para sempre. Porque o acesso a estatísticas é absolutamente necessário para garantir o progresso da qualidade competitiva. 
Mas há outras estatísticas que apenas dependem de uma organização cuidada. Sabemos que equipa marcou o maior número de ensaios ou o maior número de pontapés mas ignorámos completamente qual o jogador que mais ensaios marcou ou mais pontapés converteu. Ou seja, ignorámos a relação entre o individual e o colectivo que fazem a diferença qualitativa entre equipas. Conhecimento para o qual, repete-se, basta uma melhor organização. E urge que assim seja.
EM TEMPO
Como curiosidade: não houve empates na disputa desta Fase Regular e nenhuma equipa conseguiu um pontapé-de-ressalto.



quarta-feira, 21 de março de 2018

O QUE PARECE, MUITAS VEZES, É

Já tenho idade e experiência desportiva-rugbística suficiente para saber que o rugby não corresponde - por muito que pudéssemos gostar que assim fosse - ao retrato conceptual do reverendo W.J. Carey e que deu o mote aos Barbarians RFC: "O Rugby é um jogo para cavalheiros de qualquer classe mas não para maus desportistas seja qual for a sua origem." E também gostaria que, na melhor tradição da modalidade, fosse aceite por todos os jogadores e treinadores a regra fundamental de respeito pelo árbitro e pelas suas decisões. Como escreve o jornalista Spiro Zavos "a integridade do jogo de rugby está no entendimento que o árbitro é o juiz final dos factos em qualquer jogo de rugby".

Dito isto, direi que o comportamento dos jogadores espanhóis no final do Bélgica-Espanha de domingo passado foi um vergonha, sendo desonroso para uma modalidade que se quer diferente do que assistimos noutras modalidades (principalmente no futebol e na sua envolvente) e não pode ser permitido. Não há desculpas!

Por pior que o árbitro tenha sido - e foi mau e prejudicial - os jogadores não têm qualquer direito a terem aquele destemperado comportamento. Não há desculpas!

Mas também - o que não quer dizer que os incorrectos comportamentos dos jogadores espanhóis possam ser absolvidos - não há desculpas para a demonstração de amadorismo incipiente da Rugby Europe e seus mandantes.

Na minha experiência internacional já assisti e já me vi envolvido em diversas situações que atiraram os princípios e valores desportivos para a sargeta. Tive que enfrentar situações, antes, durante ou depois de jogos que violaram as regras elementares do que defendemos como espírito desportivo e que gostámos de integrar no rugby como único e específico. Infelizmente as coisas são o que são e tapar os olhos com a peneira para fazer de conta que somos diferentes é um erro sistemático e que nos faz cair nos buracos armadilhados que, com medo de um "isto afinal é tudo o mesmo", são embrulhados no celofane de casuais acidentes.

A decisão da Rugby Europe de manter a nomeação de uma equipa de arbitragem romena para um jogo que se sabia decisivo desde 16 de Fevereiro último - nomeadamente para a Roménia - é um disparate sem dimensão e corresponde a uma atitude eticamente deplorável que atinge mesmo o nível do escândalo! Porque é uma situação que levanta as maiores suspeitas. Porquê? porque a equipa de arbitragem é romena, o presidente da Rugby Europe, Octavian Morariu, é romeno e a equipa que dependia do resultado é romena. Ou seja, tudo areia do mesmo saco. E como para ser sério não basta sê-lo, sendo preciso parecê-lo, o chefe dos árbitros europeus, Patrick Robin, em vez da leviandade (bastante habitual, diga-se) com que encarou o assunto deveria, de imediato, ter procedido à mudança. Não tendo procedido à sua substituição e colocando a resolução na dependência da sua vontade, aumentou o nível das suspeitas. Ou seja, como propositado não se conseguiria melhor.

Já assisti, quer no rugby quer noutras modalidades, a diversas arbitragens habilidosas para saber reconhecer o encaminhamento. E a arbitragem dos romenos no Bélgica-Espanha foi tendenciosa e, nitidamente - o que, repete-se não valida o comportamento final espanhol - favorecedora da Bélgica. Favorecendo assim a Roménia.

Resultados desta situação vergonhosa? Duvido que sejam palpáveis mas, no mínimo, deveriam traduzir-se no afastamento da arbitragem internacional dos romenos Iordarchecu, Petrescu e Ionescu e também no definitivo afastamento dos responsáveis pela sua nomeação bem como do ou dos responsáveis por terem ignorado o pedido espanhol de substituição da equipa de arbitragem.

E no meio disto como fica o Presidente Morariu? Mal! Só lhe valendo, para garantir a continuidade, alguns fretes e a demagogia das medidas que, ignorando as regras desportivas dos patamares competitivos que permitem a existência do equilíbrio da competição, estabelecem a "participação" como valor, permitindo que equipas de mais baixo nível e em "salto de cavalo" disputem  apuramentos imaginários para o Mundial como acontece com Portugal que, da 3ª divisão, faz o "difícil" jogo com a "melhor da 4ª divisão", a República Checa e trepa três melhores qualificados para entrar na disputa dos apuramentos seguintes. Simpatias que as federações europeias parecem gostar e admitir como boas práticas. E assim se conquistam aliados e se cobrem os erros e a falta de decisões adequadas.

O que se passou em Bruxelas - que teve repercussão mundial - mostra que muita coisa vai mal na administração da modalidade e que, para colmatar enquanto possível, mudar é absolutamente necessário.

Exige-se mudança e a responsabilidade está do lado das federações europeias. Que se mude quanto antes.

terça-feira, 20 de março de 2018

DIAS DE DESCANSO

Diz-se normalmente que, na época seguinte às digressões dos Lions, os jogadores utilizados não resistem uma época inteira e que têm penosos finais de época. E foi um facto que muitos dos jogadores que actuarem nos Lions pareciam cansados nos jogos deste último fim-de-semana do 6 Nações.
Para além do esforço da digressão - tudo com jogos de grande intensidade quer física quer mentalmente - junta-se ainda a falta do tempo ideal de recuperação uma vez que a maior parte dos clubes não quer prescindir dos seus internacionais e quer vê-los nas suas equipas desde o primeiro jogo da época.
Curiosamente os jogadores que mais dias (83) tiveram de descanso/recuperação - como se pode ver no gráfico exposto acima - foram os irlandeses. Coincidência o terem vencido o 6 Nações com Grand Slam? Os 10 jogadores ingleses foram os que tiveram menos dias (60) de descanso. Terá sido também coincidência que o seu jogo, cada vez menos imaginativo e adaptado, se apresentasse pior à medida que o tempo passava?
A recuperação dos jogadores é tão importante como o treino e não pode ser negligenciada como parece ter sido pelo devorador apetite dos clubes. É um facto que são eles os pagadores mas faz parte do nível do Alto Rendimento saber que há jogos de selecções que, no fundo, fazem a popularidade do jogo no mundo. Os clubes têm toda a importância mas não será por acaso que uma boa coordenação entre clubes e selecção "down under" faz da Nova Zelândia a melhor equipa do mundo. E a acertada visão global faz maravilhas - veja-se, como lhe aproximam desse o exemplo a Irlanda e Gales e veja-se a melhoria de resultados que vão conseguindo.
Por cá é que vai ser um fartote de descanso - tanto tempo de recuperação que quando os jogadores voltarem aos campos já não se lembram dos Princípios Fundamentais ou já não serão capazes de executar um gesto técnico com a precisão necessária ou de reconhecer a adequação táctica a uma dada situação.
Clubes como o CDUP - clube que vai jogar na divisão principal na próxima época - acabaram a época desportiva a 17 de Março, no último fim-de-semana. E vão ter 5 meses de recuperação.
Mas, com a pressa de quem parece não saber contar os dias, tiveram que começar a preparar-se ainda em Agosto para começar apressadamente os jogos a contar no final de Setembro.
Não era mau que se acertasse um planeamento decente da época desportiva, olhando para todas as datas internacionais que estão mais disponíveis do que nos fizeram crer.
EM TEMPO
Como se pode ver no gráfico abaixo, os jogadores ingleses tinham, em média e por jogador, mais quase 5 jogos efectuados com 350 minutos de utilização média do que os irlandeses antes da disputa deste último jogo.
fonte: theblitzdefence
Não admira portanto e se acrescentarmos os dados do anterior gráfico que a Inglaterra desse mostras de apatia e de cansaço e que a Irlanda mostrasse uma superior vivacidade quer no movimento demonstrado quer numa continuidade mais veloz e por isso mais desequilibradora.
A gestão da utilização de jogadores - melhor feita pela Irlanda entre jogos das taças europeias, campeonato (Pro 14) e jogos internacionais do que a Inglaterra que disputa provas similares  - também faz, a este nível, parte da construção do sucesso. Gestão que muito provavelmente terá contribuído para a conquista do Grand Slam.


domingo, 18 de março de 2018

ESPANHA PERDEU, CDUL FORA E IRLANDA COM GRAND SLAM

Espanha, CDUL e Inglaterra foram os grandes perdedores deste fim-de-semana nos jogos que seguimos.
A Espanha a um fácil passo - vejam-se os anteriores resultados de ambas as equipas - deixou-se surprender pela Bélgica e perdeu por 18-10, abrindo o acesso directo ao Mundial para a Roménia. Para quem viu o jogo, a arbitragem foi má e tendenciosa, verificando-se sem margem para grandes dúvidas que houve, pese o fraco jogo espanhol, um nítido favorecimento belga. E o problema - situação demasiado grave para que se deixe sem duros reparos e até acções - é que a Rugby Europe presidida por um romeno, nomeou um árbitro romeno para uma situação em que a Roménia era parte interessada. E tão interessada que foi beneficiada: apurou-se directamente para o Mundial. E não vale a pena meter a cabeça na areia e tapar os olhos com qualquer peneira para, naquela mania habitual, salvaguarda dos “valores”: tudo isto cheira a esturro! E é precisamente em nome dos valores desportivos que dizemos defender que não podemos admitir que coisas destas aconteçam. Não se pode, impunemente, aceitar soluções desta natureza que, no mínimo, são suspeitas. É obrigatório agir para que não haja mais possibilidades de repetição de situações idênticas. E de nada servem comunicados do tipo do lançado pela Rugby Europe embrulhado numa moralice que só colhe junto de distraídos. 
E para que não haja dúvidas sobre os tendenciosos factos verificados, veja-se o vídeo do jogo que, espera-se, seja acessível muito brevemente e como habitualmente no site da Rugby Europe.
A Federação Espanhola, depois das orelhas moucas da Rugby Europe ao seu pedido para que fossem substituídos os árbitros romenos designados - a Rugby World substituiu, praticamente em cima do jogo, um árbitro-auxiliar designado para o Inglaterra-Irlanda por ter participado nos treinos ingleses - decidiu apresentar um pedido formal quer à federação europeia, quer à Rugby World para que a Comissão de Árbitros da Rugby Europe analise o vídeo do jogo e verifique a qualidade da arbitragem.
CAMPEONATO PORTUGUÊS
Em Portugal o grande perdedor foi o campeão ainda em título, CDUL, que pelo resultado, mais do que pela derrota, se viu, com teórica surpresa dada a sua época, afastado da Fase Final.  Não tendo conseguido nas 10 jornadas do CN1 mais do que 4 vitórias e somando por derrotas todos os jogos fora, o CDUL mostrou, depois de um início prometedor, uma inesperada incapacidade competitiva. O Direito, pelo seu lado, foi o grande vencedor da jornada. Dado, praticamente, como afastado da possibilidade de aceder à Fase Final, com duas vitórias nos dois últimos jogos (Cascais e CDUL) conseguiu através do segundo factor de desempate - diferença de pontos globais de jogo marcados e sofridos - o seu apuramento. Com tanto valor quanto o facto do CDUL se apresentar no início do jogo de todas as decisões com vantagens suficientes para poder garantir a sua qualificação. Mas o Direito, como aliás nos tem habituado ao longo dos anos, mostrou-se mais capaz no momento decisivo.
Agora, ultrapassando a confusão que se deixou instalar, é esperar o acerto das datas para a disputa das meias-finais que oporão Agronomia e Direito por um lado e, por outro, Belenenses e Cascais.
Esperemos para ver com a confiança de que as datas a marcar não venham impedir a necessária preparação para o jogo - repete-se - mais importante da época desportiva: Alemanha-Portugal.
6 NAÇÕES
Acabou também o 6 Nações com a conquista do Grand Slam - vitória sobre todos os adversários - e, naturalmente, do título do Torneio de 2018, pela Irlanda. 
Com uma notável capacidade de jogo-no-chão, com um bloco de avançados coeso e de grande sintonia - leituras comuns de momentos do jogo - a que se juntava uma superior capacidade de exploração das situações por parte dos dois médios, Conor Murray e Jonathan Sexton, a Irlanda foi conquistando vitórias. E onde não deixou dúvidas algumas foi neste último jogo em Twickenham.


As previsões com base nos jogos passados como é o caso da utilização dos valores dos rankings - e mesmo se o da Rugby Vision tem por base um algoritmo mais moderno e adequado - tem uma enorme dificuldade em se aproximarem dos resultados reais. O que é bom para o rugby que nos pode sempre, como tem acontecido, surpreender. No entanto estes rankings, mesmo com o erros da sua construção que favorece mais as vitórias em níveis mais fracos do que protege derrotados em níveis mais elevados - e por isso Portugal se encontra à frente da Bélgica e Alemanha que jogam, como se sabe, na divisão superior - tem a vantagem de nos estabelecer um patamar tido como o resultado normal. E a partir daí considerar o valor do resultado. Como exemplo: apesar da derrota, a Itália, perdendo por dois pontos de diferença quando a expectativa era a de uma derrota por 19 ou 14 pontos de jogo de diferença (conforme os rankings utilizados), teve um bom resultado. O resultado da França também foi bom e o da Irlanda foi formidável. Porque não era, pelos resultados anteriores construídos ao longo de épocas, expectável que conseguissem resultados tão próximos ou superiores. Mas estas previsões não fazem apostadores ricos...

sexta-feira, 16 de março de 2018

DECISÃO PARA A FASE FINAL E 6 NAÇÕES NO FIM


Joga-se o final da Fase Regular e o Fase Final, que já tem Agronomia, Belenenses e Cascais apurados, está dependente do resultado do Direito- CDUL para saber qual das duas equipas entrará na disputa.
Neste jogo Direito-CDUL o favorito, se tivermos em conta os dados anteriores de capacidades demonstradas em jogos fora e em casa, é Direito por uma margem que legitima a expectativa de ponto de bónus ofensivo.  
É claro que se o campeonato português tivesse estatísticas analíticas instaladas, a análise podia ser muito mais interessante do que a feita no quadro que trata de elementos acumulados  - Taxa de sucesso=nº de vitórias sobre as possíveis; Quotas de pontos = pontos marcados sobre a totalidade de pontos marcados e sofridos; % pontos de classificação = pontos obtidos sobre totalidade de pontos possíveis - mas que não permite determinar pontos fracos e fortes das equipas bem como o seu nível de disciplina. É o que temos e que, como se pode ver no quadro, mostra a diferença que faz de Direito favorito.
E se Direito vencer com ponto de bónus e atingir os 19 pontos de classificação, ficaria apurado para as meias finais do Final Four. Quanto ao CDUL, partindo com 4 pontos à maior, precisa de, no pior dos casos, garantir que, ou marca ponto de bónus defensivo ou que não permite a marcação de 4 ensaios aos advogados ou elimina a diferença de 3. Caso haja apenas vitória de Direito sem pontos de bónus para qualquer das equipas verificar-se-á um empate pontual e, pelas regras de desempate estabelecidas - maior número de vitórias, maior diferença entre pontos marcados e sofridos, maior número de ensaios marcados - o CDUL terá que evitar uma diferença superior a 10 pontos uma vez que o adversário, para atingir o seu número de ensaios (16), ficaria enquadrado no critério da pontuação de classificação. Ou seja: para que Direito se qualifique, precisa:
  1. vencer o jogo com marcação de, pelo menos, 4 ensaios, garantindo uma diferença positiva de 3 ensaios e não permitindo ponto de bónus defensivo;
  2. vencer o jogo por mais de 10 pontos de diferença.
Para que o CDUL se qualifique, precisa:
  1. vencer o jogo;
  2. perder mas sem que o adversário consiga pontos de bónus ofensivo;
  3. perder por menos de 8 pontos de diferença mesmo que o adversário consiga bónus ofensivo;
  4. perder por 10 ou menos pontos sem que haja quaisquer pontos de bónus.
Portanto - e se não me enganei nas contas - se o Direito se apresenta com favorito à vitória no jogo, o CDUL apresenta-se como favorito para passar à fase seguinte - até porque o jogo se inicia com o CDUL apurado, obrigando, como se diz na gíria, o Direito a correr atrás do prejuízo. Se o CDUL ganhar o jogo poderá ainda, dependendo do resultado do Belenenses-Cascais, chegar ao 3º lugar.
Existem assim ingredientes suficientes para tornar o jogo interessante e para ver como reagem os jogadores a estes factores de pressão extra a que se juntará ainda a probabilidade de chuva, segundo as previsões meteorológicas.
Pelo meio desta preocupações de classificação, surgiu um comunicado do Presidente federativo a anunciar a necessidade de alterar a data das meias-finais do Final Four marcadas para 14 de Abril.  A razão - por mais que se queira estabelecer a confusão com o facto de, diz-se, não estarem marcados os jogos internacionais de barragem e de acesso ao Mundial (o da barragem Championship/Trophy está marcado, desde, pelo menos - senão antes - 7 de Fevereiro, para 28 de Abril próximo como se pode ver na documentação do site Rugby Europe - está na sobreposição do Europeu de S20 (jogadores seniores) cujas datas e local se conhecem desde, pelo menos, 12 de Dezembro. Ou seja, o acordar tarde vai obrigar a alterações tardias que, espero, não venham a prejudicar a preparação para o decisivo jogo internacional de barragem.
No 6 Nações e com a Irlanda já como vencedora, também a jornada final. Dois jogos de grande interesse e expectativa - Inglaterra-Irlanda e Gales-França.
A Irlanda, vencendo em Twickenham, garantirá o Grand Sam. Situação que a Inglaterra, vinda de duas derrotas, pretende evitar a todo o custo. Como aliciante táctico do jogo fica a expectativa de saber se a Inglaterra conseguirá equilibrar o jogo-no-chão - a Irlanda irá,muito provavelmente, usar e abusar da situação  - e não cometer o exagerado número de faltas que a tem caracterizado. O interesse para ver na equipa da Irlanda estará quer em saber quantas vezes a sua Dobra será utilizada e produzirá efeitos, quer em ver como a sua defesa - muito à moda XIII e numa aplicação demasiado directa para as diferentes características de jogadores - se adaptará para fazer frente ao jogo atacante inglês inglês.
No outro jogo, a curiosidade estará em ver se a França mantém o registo que demonstrou há uma semana contra a Inglaterra e se a modificação do modelo de jogo galês garante eficácia contra a agressividade da defesa francesa. Isto para além do duelo directo dos centros Parkes e Bastareaud Dois jogos a valer a pena uma vez que o Itália-Escócia - que não deve ter dificuldade na definição do vencedor - servirá apenas para perceber se os progressos italianos, apesar das derrotas, são ou não sustentáveis.

quinta-feira, 15 de março de 2018

TOMEMOS NOTA E PREPAREMOS O JOGO-CHAVE



Só falta uma vitória - em jogo com a Polónia no próximo dia 24 - para que Portugal tenha nova oportunidade de acesso, num jogo que tudo leva a crer seja com a Alemanha, à RE Championship, a 2.ª divisão europeia.
Do recente jogo com a Moldávia resultaram de novo avisos: se queremos garantir a subida - fundamental para aumento da notoriedade da modalidade com o consequente melhor respiro financeiro - teremos que melhorar substancialmente a capacidade e eficácia de jogo da equipa, aumentando a qualidade de uso da bola, garantindo que a continuidade dos movimentos tenha objectivos de conquista territorial que desequilibrem defesas e permitam a marcação de pontos. Aparentemente assim terá acontecido até porque, com a diferença de pontos de jogo conseguida e o correspondente bónus de ranking, subimos um lugar no ranking - de 24º para 23º - da World Rugby. Mas terá sido mesmo assim quando não conseguimos o ponto de bónus ofensivo e que o 4º ensaio - lembre-se que na Rugby Europe o ponto de bónus só é atribuído pela diferença de 3 ensaios - só chegou no último momento do jogo? E para além do mais, sofremos dois ensaios de uma equipa que só tinha, até então, marcado 4 em três jogos. 
Contra o adversário mais fraco do grupo, Portugal não ultrapassou a mediania, perdendo tantas bolas - numa grande maioria de “erros não provocados” - quantas as ultrapassagens da linha de vantagem (30) e, num jogo sem grande intensidade, raríssimas vezes se mostrou capaz de ultrapassar o “de-chão-em-chão” de penetrações curtas, inócuas e de enorme lentidão que permitiram sempre a fácil recuperação de posições pela defesa moldava. Por outro lado e de novo se mostrou a estratégia portuguesa - traduzida quase sempre na mesma forma táctica - incapaz de “encurtar” a linha defensiva adversária, permitindo assim um maior facilidade defensiva.
Dito isto, será bom que não esperemos demasiado dos maus resultados conseguidos pela Alemanha e nos preparemos efectivamente para o jogo mais importante da época e, diria até, do futuro do nosso rugby. Ou seja, pela qualidade do que temos jogado temos que ter a noção clara que o que fazemos não chega. Ou jogámos efectivamente mais ou corremos o risco de deixar o resultado necessário depender da sorte dos deuses. Porque, por pior que possa parecer, a Alemanha tem já épocas de hábitos de jogo a níveis de intensidade superior às exigências dos jogos que Portugal tem efectuado.
No fundo, o que se exige é simples: deitar para trás das costas qualquer vaidade sobre os resultados conseguidos contra equipas de baixa qualidade e preparar efectivamente a equipa para um patamar superior.

Nas 6 Nações a grande surpresa foi a vitória da França e o mau jogo da Inglaterra que se mostrou, mais uma vez, incapaz de se adaptar às circunstâncias, não mostrando qualquer melhoria do “jogo no chão”, fazendo um somatório de faltas injustificável - e os adeptos ingleses perguntam-se onde encontrar um 7 que possa garantir a chegada aos pontos-de-quebra em tempo útil. 
Dois jogos muito bons de ver - Irlanda-Escócia e Gales-Itália - e que mostram a existência de uma melhoria qualitativa do Norte que abre o apetite para o Mundial do Japão Mas principalmente jogos que parecem significar o retorno do rugby de movimento onde a inteligência da manobra suplanta a colisão. 

sexta-feira, 9 de março de 2018

PORTUGAL NA MOLDÁVIA E 6 NAÇÕES


A previsão para o Moldávia-Portugal de amanhã dá uma vantagem de 17 pontos de jogo favorável à equipa portuguesa. O que significa que o resultado natural de Portugal se traduzirá em duplo bónus: de ponto de classificação e de ranking. Que, sendo assim, se traduzirá na manutenção do 1º lugar na classificação do Trophy e na subida de um lugar no ranking da World Rugby, ultrapassando a Namíbia.
A selecção portuguesa soma 268 internacionalizações e apresenta no seus 23 jogadores, cinco estreias: João Melo (CDUL) no XV inicial e Salvador Cunha (Belenenses), Gonçalo Prazeres (Agronomia), Rodrigo Freudenthal (Belenenses), José Maria Lupi (Direito) no banco. Tendo a média de 16 internacionalizações por jogador no XV inicial - onde as 97 de Gonçalo Uva pesam demasiado - a selecção portuguesa, devido a lesões e outras questões (algumas delas inexplicáveis) -  tem 11 jogadores com 5 ou menos selecções nos 23 jogadores inscritos no boletim de jogo.

Por outro lado o maior número de jogadores (10) convocados representam o CDUL e o Direito (4º e 5º da classificação do CN1 A) com uma soma de 10 jogadores em 23 e de 8 no XV inicial como se pode notar no quadro acima.
É um facto que a Moldávia é uma equipa bastante fraca, sem vitórias e com apenas 22% de quota de pontos marcados e, mesmo em casa, não pode ser grande adversário - mas exigirá concentração, focagem na vitória, coesão e solidariedade colectiva. Principalmente na formação ordenada onde  foram alteradas 4 posições. E teremos ainda de saber jogar sem o nosso marcador fundamental de pontos. Não facilitemos!

Com o mundo das apostas a considerar a Irlanda como principal favorita para este 6 Nações dois jogos de grande expectativa nesta 4ª jornada: o Irlanda-Escócia e o França- Inglaterra. O Gales-Itália servirá essencialmente para perceber a dimensão do desenvolvimento do modelo de jogo a que os galeses aderiram.
Sobre os vencedores, parece não haver dúvidas quer nas contas do XV contra XV, quer no Rugby Vision. Veremos depois a proximidade das diferenças de pontos de jogo.


domingo, 4 de março de 2018

SPORTING FEMININO VENCE A TAÇA DE PORTUGAL

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Com uma bela vitória de 14-12 sobre o SL Benfica, o Sporting Rugby Feminino conquistou a Taça de Portugal em Tens. Num jogo bem disputado e com duas partes distintas - na 1ª parte o domínio territorial pertenceu ao Benfica para, no 2º tempo, ser o Sporting a dominar - onde excelentes placagens, principalmente das sportinguistas, fizeram a demonstração da qualidade do rugby feminino português.
Desta boa demonstração técnica de rugby fica, no entanto, uma enorme dúvida: porque jogam Tens?
Internacionalmente existem campeonatos de Sevens e de XV - o Tens não existe em termos competitivos sérios, não ultrapassando o divertimento. Então para quê jogá-lo? Porque pode ser a passagem do Sevens para o XV como ouço como justificação? Não pode! Pensá-lo é pura ficção.
O Tens é um Sevens com mais jogadores em campo e, portanto, com um esforço físico mais doseado mas é tacticamente a mesma coisa. Ou seja: o Tens - opinião que mantenho desde a primeira vez que o vi em HongKong e já lá vão umas dezenas de anos - é apenas um Sevens para pessoas que já não aguentam a sua intensidade. E acrescentam mais três jogador@s.
Porque não garante qualquer aproximação ao XV? Por uma razão muito simples: não permite a existência da 3ª linha - principalmente dos cada vez mais necessários 6 e 7 - e dificulta a variedade do jogo com ataques pelo lado fechado.
Os Asas e Flanqueadores são uma necessidade maior e característica do XV e exigem uma grande e demorada formação. Porque, com pouco tempo para ler - ao contrário de outras posições - vivem do instinto, do "cheiro", do adivinhar da melhor linha de corrida. Da experiência.
Estes 6 e 7 e as suas linhas de corrida, feitas de inúmeras e sucessivas adaptações de ângulos de corrida na aproximação aos pontos de quebra da continuidade do movimento, são decisivos quer no apoio atacante para tentar que a sua equipa não seja obrigada a passar pelo chão e permitir a reorganização ofensiva, quer no apoio defensivo para recuperar ou para atrasar a reciclagem da bola adversária. E o Tens não ensina ou dá qualquer experiência sobre esta matéria. Depois, quando é preciso esta experiência, nada há que lhe valha.
Se não tivesse definida a regra que impõe a formação d@s "segundas-linhas" com a cabeça entre @ pilar e @ talonador, permitindo que esses jogador@s pudessem formar na perna exterior d@s pilares, ainda vá. Teríamos a exigência de procurar linhas de corrida eficazes. Mas da forma como se tem de jogar não prepara para o XV coisa nenhuma! Em termos de desenvolvimento competitivo constitui uma pura perda de tempo.
E a equipa do Sporting bem sentiu a falta que lhe fez essa experiência na recente Taça Ibérica.
O rugby feminino português deveria - preparando assim da melhor maneira as possibilidades internacionais - ser jogado em Sevens e XV. Coisa aliás que é e pelo que ouvi, a vontade expressa das jogadoras sportinguistas.

sexta-feira, 2 de março de 2018

QUEM SÃO OS FAVORITOS?

Taxa de Sucesso = nº de vitórias/nº de jogos
Quota de pontos = pts marcados/Σ marcados e sofridos
% pontos classificação = pós obtidos/pontos possíveis 

Quem vai ganhar nesta 9ª jornada do CN1 A?
Se os números que representam o passado de cada equipa a jogar em casa ou nas suas deslocações significam alguma coisa, é possível fazer o exercício de atribuir o favoritismo a uma das equipas, recorrendo a indicadores que definem a capacidade competitiva das equipas cuja percentagem média é representada pelo número sobre as barras no gráfico que se apresenta.
Como se pode verificar apenas o primeiro jogo mostra com algum equilíbrio competitivo possível pois que a diferença de capacidade competitiva entre as equipas adversárias dos restantes jogos é bastante elevada - 68% de vantagem para o Cascais e 52% de vantagem para o CDUL.

O Agronomia-Belenenses, jogo entre os actuais primeiros classificados, deve ser - apesar da  diferença de 23% na capacidade competitiva dos jogos em casa favorável à Agronomia sobre a capacidade de jogo fora do Belenenses - o jogo mais equilibrado. Apesar do Belenenses ter o melhor registo de todas as equipas em jogos fora, o favoritismo recai sobre os agrónomos que se têm mostrado muito poderosos quando jogam em casa.
Nos outros encontros as equipas que jogam em casa - Cascais e CDUL - são francamente favoritas. Até porque quer o Direito quer a Académica não têm ainda qualquer vitória fora. Facto que, curiosamente, também se passa com as equipas visitadas desses dois jogos. Ou seja: no actual campeonato de nível mais elevado do rugby nacional há quatro equipas, ao fim de 8 jogos que ainda não conseguiram qualquer vitória em terrenos adversários, mostrando assim algum desconforto nas deslocações. Equipas que viajam mal como se diz na gíria. Mesmo se a viagem para a excepção da Académica e de jogos em Coimbra não passa de um palmo de quilómetros.

Portanto favoritismo para a vitória de Agronomia, Cascais e CDUL sem grande mexida na classificação excepto se Agronomia conseguir um ponto de bónus sem que o mesmo aconteça ao Belenenses, situação em que trocarão de posições na tabela classificativa.

quinta-feira, 1 de março de 2018

RESULTADOS DO TROPHY E 6 NAÇÕES

PORTUGAL - SUIÇA

O XV de Portugal com o resultado obtido não conseguiu atingir o patamar dos pontos de bónus porque, por um lado, não conseguiu garantir a necessária diferença de 3 ensaios e, por outro, não conseguiu a diferença de pontos de jogo superior a 15 pontos. O posicionamento de ambas as equipas no ranking da World Rugby, mantêm-se e Portugal está em 1º lugar - com mais 5 pontos do que a Holanda que se encontra em 2º lugar - no Rugby Europe Trophy.

6 NAÇÕES - 3ª jornada

A inesperada e surpreendente vitória da Escócia sobre a Inglaterra foi o melhor resultado desta 3ª jornada.
Com dois jogos muito interessantes, o já referido Escócia-Inglaterra e o Irlanda-Gales - Gales num tudo ou nada de último minuto perdeu-se, na procura de um 2x1 ganhador, numa intercepção - o 6 Nações de 2018 joga-se no equilíbrio das 4 equipas britânicas sendo agora a Irlanda a única equipa com possibilidades de conquistar o Grand Slam - o que, se acontecer, garantirá também a conquista da Triple Crown. 
Como curiosidade desta jornada lembre-se que à entrada dos 20 minutos finais do Itália-França o resultado estava em 14-10 favorável aos franceses e que Gales apenas teve 31% de posse de bola e 25% de ocupação territorial mas que lhe serviram, numa bela demonstração de eficácia de uso da bola, para marcar 3 ensaios. 

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