sexta-feira, 30 de novembro de 2012

SEVEN7 EM GRANDE!

Excelente Se7e de Portugal no Dubai com duas grandes vitórias - África do Sul e Inglaterra - e um rés-vés contra Samoa. De duas coisas gostei muito: do excelente comportamento dos jovens - o gosto pelo risco com controlo táctico inteligente dá uma dimensão competitiva superior ao grupo - e do cumprimento (muito pouco habitual na variante) dos Princípios Fundamentais do jogo: avançar, apoio, continuidade e pressão.

De facto o Se7e português avançou sempre - a "táctica de espera" terá ficado na Portela - quer em ataque, quer em defesa, com o apoio bem organizado a permitir uma continuidade - atacante e defensiva - que cria a pressão suficiente para impedir a reorganização da defesa adversária. A capacidade permanente de atacar os intervalos pelos jovens recém-chegados - Vareta (se não houver deslumbramentos estaremos na presença do futuro 10 do XV nacional) foi um constante exemplo dessa procura do intervalo para colocar enormes dificuldades à defesa adversária - abre novas perspectivas para as dificuldades competitivas que o Se7e português terá de defrontar neste caminho de Olimpíadas do Rio como pano de fundo.

A melhoria táctica e técnica também é evidente e o excelente passe-em-carga (off-load) de Pedro Bettencourt -  a fazer justiça ao nome rugbístico da família - para o ensaio final contra a África do Sul é demonstrativa desse progresso. Ressalte-se ainda o aparente discreto trabalho de Francisco Vieira de Almeida - presente sempre que preciso, capaz de tomar decisões que pesam nas sequências do jogo, mostra-se um verdadeiro e importante jogador de equipa. Depois ainda o peso da experiência de Pedro Leal (apesar do susto que pregou no último segundo do jogo com a Inglaterra) e de Gonçalo Foro enquadra muito bem este grupo de "miúdos" que Frederico de Sousa está - pelo que se vê - a trabalhar muito bem.

O acesso à Cup - taça principal - conseguido é um boa ressalva para uma medíocre participação no torneio anterior de Gold Coast (Austrália) e um bom presságio para uma época de grande dificuldade competitiva. A confiança é sempre boa conselheira.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ALINHAMENTO COM MUITOS




Naquele que foi, provavelmente, o único momento de satisfação de todos os adeptos que encheram o estádio de Cardiff ou que estavam pelo mundo fora a vê-los na televisão, Gales marcou um ensaio a partir dum pouco usual alinhamento com 13 jogadores.

Surpreendidos, os All-Blacks não souberam responder e ficaram - para alguns deles é literal - a ver que ideia seria aquela... Mais divertido ainda foi a expressão dos galeses na bancada - delirantes com a partida pregada aos campeões do mundo.

Há anos também usamos, na selecção nacional de que fui responsável, uma jogada parecida. Tinha uma vantagem sobre esta dos galeses: tinha um plano B. A jogada que Gales fez, utilizando 13 jogadores em linha, um lançador e um formação, tem dificuldades de saída eficaz - embora a distância à linha de ensaio dê poucas hipóteses aos defensores - se a resposta dos defensores seguir a lei do espelho - pessoalmente e se houvesse a desconfiança antecipada que o adversário poderia utilizar esta jogada a defesa seria montada com 12 jogadores em linha, um no corredor, outro no final do alinhamento e dentro da área de ensaio, caso a distância fosse menor que sete metros porque se maior seria integrado como cerra-fila, e outro ainda como formação para ocorrer a qualquer perfuração ou queda da bola.


A jogada que então fazíamos colocava 12 jogadores em linha e exteriores um lançador, um formação e dois jogadores nas linhas atrasadas - um abertura capaz de agarrar qualquer bola que viesse e um poderoso sprinter capaz de garantir, se necessário, a vitória da corrida na diagonal dos 50 e tal metros que poderia ter que correr. As alternativas dependiam do adversário: se este respondia com a lei do espelho a bola era para abrir e jogar pelos dois três-quartos; se o adversário se preocupava com o espaço livre e colocava menos jogadores no alinhamento, a entrada seria em força e em maul. Estas duas soluções permitiam que a jogada pudesse ser realizada dentro dos 22 sem que fosse necessário muita proximidade da linha de ensaio. Era divertido e eficaz.
  

Lição a reter deste momento de Cardiff: a surpresa é uma arma terrível - para o bem e para o mal - para uma equipa de rugby. E tendo o jogo começado com a inovação do menino William, a inventiva passou a ser característica integrante deste nosso jogo: use-se, portanto!

domingo, 25 de novembro de 2012

QUATRO PRIMEIROS ENCONTRADOS


Com os resultados deste fim-de-semana e quaisquer que sejam os resultados do próximo, a primeira jarra dos cabeças-de-série para o Mundial de 2015 está preenchida com Nova Zelândia, África do Sul, Austrália e França.

A grande surpresa - "Rugby is the soul of Tonga and it's going to bring our people together." foi conseguida por Tonga - a jogar mais de 20 minutos com catorze jogadores para além dos últimos minutos apenas com treze e marcando os dois únicos ensaios do jogo - que venceu, em Aberdeen, a Escócia (21-15), ajudando sobremaneira a colocar a pergunta que esta janela internacional de Novembro obriga: o que se passa com o rugby do hemisfério norte?. Derrotas de Gales, Itália - ambas previsíveis - e da Inglaterra com apenas vitória da Irlanda sobre a Argentina - por números inesperados (46-24) - deram algum alento ao rugby europeu - a vitória da França era esperada e, diga-se, naturalmente obrigatória.

Em termos de ranking e em relação ao anterior, veremos a Irlanda a subir ao sexto lugar e a Argentina a voltar ao início da digressão: 8º lugar, se o acerto das milésimas não vier dizer que foi ainda ultrapassada por Samoa - nas minhas contas terão a mesma pontuação arredondada de 78,71. Veremos segunda-feira se tudo bate certo.

Para a confiança dos nossos adversários de Fevereiro os resultados não foram os melhores: derrota da Geórgia (19-24) frente a Fiji e derrota da Roménia (3-34) com os Estados Unidos.

sábado, 24 de novembro de 2012

MUDANÇAS?


Se a lógica imperar, as mudanças serão muito reduzidas neste penúltimo dia da janela internacional de Novembro: haverá apenas uma troca entre a Irlanda, se vencer o jogo entre ambos, e a Argentina. A França, tudo o leva a crer, consolidará a procura do quarto lugar (a Inglaterra não se tem mostrado capaz de bons resultados a este nível mais elevado) e Gales manterá - a mais que provável derrota contra os All-Blacks, dada a diferença de posicionamento, não lhe custará pontos no ranking - o oitavo lugar.

Pena, pena é que não vamos ter a visão dos melhores jogos deste fim-de-semana, o Inglaterra-África do Sul e o Gales-Nova Zelândia - deixando já de fora um Irlanda-Argentina - só serão acessíveis em canais estrangeiros. O nosso acesso, embora a três outros jogos, fica-se por jogos de menor importância e dimensão. Sinto-me como um pobre: dão-me só parte do que preciso mas devo ficar agradecido...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

PORTUGAL NO 21º LUGAR

Por uma distracção imperdoável - erro de não ter considerado que a Geórgia, ao perder o jogo com o Japão, desceria um lugar e seria 17º do ranking e não 16º como ficou considerado no quadro que publiquei - coloquei Portugal no vigésimo lugar e não no correcto lugar de 21º. As minhas desculpas.

Portugal, com os resultados desta digressão à America do Sul, subiu 6 lugares - uma das selecções que mais lugares subiu nesta janela de Novembro - no ranking da IRB. Um feito nada negligenciável tendo em vista, repete-se, o apuramento para o Mundial de 2015.

Aqui fica o gráfico certo com a qualificação actual. Nesta área que nos importa e no próximo sábado os jogos Roménia-USA e Geórgia-Fiji vão concerteza alterar ainda os posicionamentos hoje oficializados.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

QUARTO LUGAR COM DONO?

A luta pelo 4º lugar parece pender definitivamente para a França - a Inglaterra, perdendo em casa com a Austrália, pode ter deitado fora a hipótese a que só a combinação de duas vitórias contra África do Sul e Nova Zelândia e a derrota da França contra Samoa poderá ressuscitar.

Para além da derrota de Gales - o que poderão fazer no próximo sábado contra os All-Blacks da Nova Zelândia? - a outra surpresa foi a derrota inglesa contra a Austrália que assim se redimiu dos trinta pontos que sofreu em Paris e ganhou uma nova confiança que o jogo em Itália poderá ainda ajudar para um fecho de digressão em Cardiff de acordo com os seus pergaminhos - este jogo, no 1 de Dezembro, deverá ser de não perder; para Gales pode ser a última oportunidade de uma vitória...

Como curiosidade, o facto do França-Argentina, ter tido apenas 9 formações ordenadas durante todo o jogo, sendo a primeira com 39' de jogo já decorrido - alguma coisa anda a mexer, a mudar. O jogo de passes melhora, as decisões do passar ou penetrar são mais eficazes, o apoio está lá à disposição do portador. E o movimento parece estar a ganhar uma importância cada vez maior. Assim seja.

domingo, 18 de novembro de 2012

NOVA VITÓRIA DE PORTUGAL

Se não me enganei nas contas, Portugal, com esta segunda vitória contra o Chile (28-22) na digressão pela América Latina e tendo em conta os restantes resultados deste sábado, colocou-se em 20º lugar do ranking da IRB com 59,63 pontos, ultrapassando Rússia, Namíbia, Bélgica e Uruguai.


À frente de Portugal e dos seus adversários do 6 Nações B continuam a Geórgia - 16º lugar com 66,74 pontos; a Espanha - 18º lugar com 65,04 pontos; e a Roménia - 19º lugar com 63,58 pontos. Mas as vitórias deram já - e mais ainda se se confirmar o salto de sete lugares - uma boa confiança para os confrontos de Fevereiro na disputa pela desejada presença no Mundial de 2015.

Excelente digressão, excelentes resultados a deixar uma boa imagem do rugby português num também excelente aproveitamento da oportunidade para nos colocar num lugar mais adequado do ranking internacional. Muito bem!

Esperemos pela confirmação oficial (isto é: que as minhas contas estejam certas) da posição e pontos amanhã pelas 12 horas.

sábado, 17 de novembro de 2012

NOVEMBRO QUENTE

Ao perder em casa com Samoa, Gales dever ter - a não ser que consiga duas improváveis vitórias sobre a Austrália e Nova Zelândia por quinze ou mais pontos - arrumado as botas em relação ao quarto lugar do ranking. Ao contrário, Samoa aparece ao assalto do 8º lugar para garantir entrada no segundo pote mundialista.

Esta janela de Novembro promete - a meio da semana a Espanha conseguiu uma boa vitória, na Namíbia, sobre o Zimbabué, dando novo salto no ranking e preparando-se para trocar de posição com a própria Namíbia - e o jogo França-Argentina será de não perder com qualquer dos dois a querer marcar pontos de ranking para posicionamento nos potes do sorteios de 3 de Dezembro.


Em Londres, um Inglaterra-Austrália também terá o interesse de permitir saber o real valor da equipa inglesa que, lembre-se também sonha com o 4º lugar do ranking. A Escócia bate-se com a àfrica do Sul e a Nova Zelandia vai ter tarde fácil contra a Itália. Por muito que os italianos se batam no campo não vão conseguir parar a máquina de jogar que são os All-Blacks - o jogo vai valer pelo mostra da capacidade neozelandesa, pelos seus movimentos e técnicas. Que irão acontecer da melhor forma, num à-vontade pouco habitual nestas andanças de alto nível.

Portugal jogará em Santiago do Chile, contra o XV da casa, procurando a segunda vitória da digressão que permitirá culminar num salto - embora necessitando dos favores de terceiros - de cinco a seis lugares no ranking da IRB. Mostrando os dentes, se assim for, para o Seis Nações B de Fevereiro no caminho de uma pretendida nova presença no Mundial de 2015. Por aquilo que se foi sabendo do jogo contra o Uruguai, se a atitude dos jogadores portugueses for idêntica, as probabilidades da vitória serão efectivas. Á vitória, portanto!


Nos gráficos que se publicam pode ver-se o que pode mudar caso as equipas que jogam em casa - com excepção dos jogos de Portugal, da Itália e da Espanha onde se espera vitórias dos visitantes - façam a obrigação de vencer. É, naturalmente, uma previsão como outra qualquer e, como se sabe, prognósticos só no fim do jogo... Vamos a ver o que dá.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PORTUGAL VENCE O URUGUAI

Juntamente com a França e a Argentina, Portugal foi uma das surpresas - a mais agradável, diga-se - desta jornada da janela internacional de Novembro. Foram estas as três equipas que venceram adversários colocados em lugar superior do ranking IRB e que permitiu a cada uma delas subir alguns lugares.

De um ponto de vista de importância a melhor vitória  pertenceu à França (33-6) que se colocou em posição privilegiada para ser cabeça-de-série no sorteio do Mundial do próximo 3 de Dezembro. Já está em 4ª lugar e com hipóteses ainda - embora dependendo de terceiros - de poder incomodar a Austrália. Para já e no próximo sábado o adversário è a Argentina que, em Gales, se mostrou excelente vencendo com o relativo à-vontade de 26-12. Surpreendente e primeiro passo para garantir lugar no segundo jarro do sorteio. Quem, com derrota em casa contra adversário pior qualificado, parece ter ficado afastado definitivamente do primeiro jarro do sorteio é Gales - perdeu para a França quase 4 pontos, praticamente irrecuperáveis.

A França fez um jogo excelente contra os australianos - mesmo se favorecida no ensaio de Picamoles (uma saída directa pela esquerda da formação ordenada com conquista de terreno leva sempre a desconfiar da falta que o permitiu - e foram duas evidentes...) - numa demonstração de que o ataque e conquista da linha de vantagem constitui a chave do sucesso atacante e defensivo. Em ataque, o domínio da LV fixa os defensores não os deixando deslizar e obriga-os a subir mais lentamente, criando espaço de manobra que permite a utilização da superioridade numérica conseguida - e as linhas de corrida dos franceses foram tacticamente muito eficazes. Defensivamente e pela criação de superioridade numérica que a conquista da LV permite, os franceses puderam náo se deixar "consumir em demasia" sobre cada atacante e ter sempre jogadores disponíveis para intervir. O jogo França-Austrália foi muito interessante de ver, permitindo perceber a procura actual da criação de jogo com uma utilização da bola mais constante.  


Ranking IRB dos nove primeiros lugares a 12 de Novembro
Não deixa de ser interessante notar que muitos dos resultados deste fim-de-semana foram de números elevados para ambas as equipas mostrando uma interessante preocupação de utilização eficaz da bola. O que transforma o jogo num interessante espectáculo quer pela expressão da forma quer pela alteração de resultados.

O jogo dos All-Blacks com a Escócia foi uma maravilha de expressão da beleza do rugby. Se ao ataque e domínio da linha de vantagem - que já são bastante eficazes para impôr a capacidade de uma equipa - juntarmos, como o fazem os neozelandeses, a mudança de ângulos de corrida dos apoiantes garantindo que não existe paralelismo nas linhas de corrida, temos um luxo de utilização da bola. Para além da velocidade com que se apresentam para receber o passe... Mesmo se os riscos a correr de passes no limite do tempo ou passagens ligeiramente adiantadas junto ao portador da bola podem trazer alguns percalços. Mas quando a difícil sincronização existe, o movimento é imparável. Como se viu hoje de novo.     


Ranking IRB para as equipas próximas de Portugal a 12 de Novembro

Com a vitória sobre o Uruguai (32-25) - excelente num campo sempre muito difícil - Portugal conquistou pontos e lugares no ranking IRB e elevou os níveis de confiança para o jogo contra o Chile - que já ultrapassamos no ranking - do próximo sábado. Trazendo duas vitórias da América Latina a selecção nacional, para além de se aproximar do lugar que lhe compete - próximo do vigésimo lugar mundial - ainda transportará consigo uma outra forma de encarar os jogos de Fevereiro que contarão para o apuramento do Mundial. As reais possibilidades portuguesas de segunda vitória - o mais difícil está feito - parecem existir. Bastará - para impedir que algum diabo as possa tecer - que os internacionais portugueses mantenham a atitude competitiva de que hoje terão dado mostras. 

sábado, 10 de novembro de 2012

JANELA DE NOVEMBRO

Começam dentro de horas os diversos jogos internacionais da agitada janela de Novembro. Desta vez - embora pareça demasiado cedo por muito próximo do anterior campeonato do mundo e demasiado longe do próximo (consolida-se primeiro posições e depois renovam-se os quinzes?) - com o aliciante do posicionamento no ranking IRB do final de Novembro definir os quatro cabeças das séries do Mundial de 2015. Portanto este conjunto de jogos internacionais - há trinta (ou mais) equipas envolvidas nos mais diversos sítios do mundo - que constituem a janela de Novembro não contam apenas e como habitualmente para o prestígio e posicionamento no ranking IRB. Desta vez há um campeonato particular pela quarta posição no ranking e que - admitindo que os gigantes do hemisfério sul estão consolidados nas três primeiras posições - é protagonizado pela Inglaterra e França com Gales à espreita (ver quadro). 


A França - em 5º lugar no ranking - defronta hoje a Austrália num jogo que tem que vencer para garantir que se mantém como candidata a cabeça-de-série. Os pontos que conseguirá por vencer um adversário melhor qualificado permitir-lhe-ão ultrapassar a Inglaterra (ver linha branca no quadro) e ficar - porque terá adversários teoricamente mais acessíveis como Argentina e Samoa - à espera dos resultados ingleses que terão uma sequência muito difícil - abertura de aquecimento com Fiji com o maior risco de, se derrotada, perder o quarto lugar de vista (ver linha verde) a que se seguem Austrália, África do Sul e Nova Zelândia - mas que, com uma vitória num dos últimos três jogos, consolidará quase definitivamente o seu actual 4º lugar. As combinações são muitas e este campeonato particular concentrará as atenções gerais. A comunidade rugbística internacional agradece, naturalmente, esta agitação competitiva.

Portugal também participa nesta janela internacional e amanhã defrontará o Uruguai em Montevideu  a que se seguirá, no próximo fim-de-semana, o Chile. Duas vitórias seriam ouro sobre azul com uma boa subida de lugares no ranking e uma moral elevada para disputar, em Fevereiro, a qualificação para o Mundial 2015. Os jogos não serão fáceis - principalmente o primeiro, sempre difícil contra uma equipa que se transcende em casa com o apoio do seu público - e exigirão a melhor prestação dos jogadores portugueses. Conscientes das dificuldades, aguardemos com esperança.  

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A QUEM POSSA INTERESSAR

Aceitei o convite do Presidente, Carlos Amado da Silva, e estou agora como Consultor da Federação Portuguesa de Rugby.

domingo, 4 de novembro de 2012

CORAGEM PARA VENCER

A vitória da selecção nacional de sub-19 com a sua qualificação para o IRB Junior Trophy - o Mundial B de sub-20 que se disputará no Chile no próximo ano - representa um excelente momento para o rugby português. Não só pela vitória e pelas portas que pode abrir - desde a previsão de uma continuidade capazmente garantida da selecção principal até à possibilidade de uma candidatura credível para a realização do Junior Trophy em 2014 - mas, principalmente, pela qualidade como foi obtida.

De início é o costume: eles são grandes, muito mais fortes, não temos hipóteses. Ou seja: a Geórgia como fantasma aterrador. Mas a criação de uma estratégia inteligente e suportada em tácticas adequadas transformou a primeira ideia, proporcionou a confiança necessária, estabeleceu a atitude de conquista e abriu o caminho para uma incontestada vitória. Foi muito agradável ver uma selecção portuguesa produzir um jogo eficaz, colocando em campo a execução dos Princípios Estratégicos Fundamentais do Jogo. Estão de parabéns os treinadores da equipa, Henrique Rocha e João Luís Pinto, pelo resultado, pela qualidade da expressão colectiva e pelo exemplo de inteligência e criatividade competitiva demonstrados.

Tudo começou na montagem da estratégia que teve como elemento motor a procura do domínio da Linha de Vantagem. E aqui começou, com excelente interpretação dos jogadores, o princípio da vitória: na maior parte do tempo os portugueses, em defesa e ataque, jogaram com superioridade numérica com as consequências da vantagem daí resultante.

Sempre que uma equipa domina, ultrapassando, a Linha de Vantagem - a linha imaginária que, passando pelo ponto de libertação ou colocação em jogo da bola, define os dois campos - tem a vantagem da superioridade numérica no confronto directo, possibilitando portanto a assumpção de riscos menos arriscados (porque o Apoio existe em situação de complemento à distância eficaz). E assim uma equipa deve, com bola ou sem bola, cumprir o primeiro Princípio Estratégico Fundamental de Avançar Sempre. Mas se são tão evidentes as vantagens porque não o faz sempre qualquer equipa? Porque é preciso coragem e organização, para além do domínio da cultura táctica. E nem todas as equipas o têm em simultâneo. Ou são treinadas para isso.

Foi essa coragem que os treinadores deram mostras e souberam transmitir aos seus jogadores, dando-lhes a confiança necessária para que subissem em defesa - ao contrário da habitual espera - e avançassem em ataque - ao contrário da habitual lateralização - criando assim a Pressão necessária para provocar erros ao adversário. E aqui, nas diversas expressões tácticas desta estratégia, esteve, ao limitar os pontos fortes da Geórgia e desorganizando o seu modelo, a base da vitória.

Mas a coragem dos responsáveis foi mais longe: decidiram apostar - numa final que apenas apurava o vencedor - em Nuno Sousa Guedes - que não joga na posição - para médio-de-formação - e que mostrou logo ao que vinha no tratado do trabalho feito para abrir caminho ao seu antigo companheiro de clube, José Vareta, no primeiro ensaio da selecção. Esta aposta, demonstrando conhecimento das capacidades dos jogadores, transformou um perdido por cem em ganho por mil. Decisão que mostrou, para além da confiança que transmitiu à equipa, um formação com futuro internacional.

O jogo da final mostrou ainda que podemos, com boa programação para ampliar as suas capacidades técnicas e tácticas e mantendo níveis de exigência competitiva elevados, contar com estes jogadores - a base existe - para a continuidade e mesmo melhoria competitiva da selecção principal.

Parabéns aos jogadores e aos responsáveis destes sub-19! Foi, para além duma boa vitória, um bom jogo com expressões tácticas que já não via há muito no confronto internacional de equipas portuguesas. Bom exemplo a seguir.





sábado, 3 de novembro de 2012

NÃO HÁ RUCK

Foto de Miguel Rodrigues
Para que haja ruck é necessário a simultaneidade de 3 situações:
- bola no chão;
- jogadores adversários em contacto (pelo menos um de cada lado) e que envolvam a bola;
- que os jogadores estejam de pé, isto é, apenas apoiados nos seus próprios pés sem contacto com o chão de joelhos ou cotovelos.
Na fotografia publicada (que respeita ao último CDUL-Direito disputado no Estádio Universitário de Lisboa e que me foi simpaticamente cedida pelo Miguel Rodrigues), admitindo que não há "tapagem" da bola - sealing - e não é, por inexistência de ruck, considerada falta a colocação da linha de ombros mais baixa do que a linha de ancas por parte do jogador do CDUL mais próximo do chão, estão apenas realizadas duas das três acções exigidas para a realização de um ruck: a bola está no chão e há jogadores de pé a envolvê-la. Mas não há o essencial e definitivo contacto. Logo, não há ruck!
E não havendo ruck, não há linhas de fora-de-jogo. E a única obrigação - para além de se manterem apoiados apenas nos seus próprios pés - que os jogadores têm para poder disputar a bola, tentando apanhá-la, é a de virem do seu próprio campo.
Na situação fotograficamente referida o jogador A de Direito para poder disputar a bola tem que vir até ao seu próprio campo e só então procurar disputar a bola mas, quanto ao jogador B de Direito - o pilar internacional Jorge Segurado -  e outros no seu próprio meio-campo, podem ir, desde que de pé, disputar a bola e tentar conquistá-la, apanhando-a ou chutando-a.
Imaginem o que seria se B e os seus companheiros fossem ao "outro lado" buscar a bola e o jogo continuasse sem, como as leis mandam, qualquer apito do árbitro. O Carmo e a Trindade não resistiriam... 
Complicado?! Muito. E agora pensem na situação do árbitro que tem que ter atenção a todos estes aspectos ao mesmo tempo. Não é nada fácil arbitrar...
Como resolver situações deste tipo? Isto é, como devemos agir para que, no pós-placagem, sejamos suficientemente eficazes para que não nos vejamos confrontados com um adversário a rodear-nos e a vir buscar a bola e continuar o jogo? Essencialmente com treino e com um tipo de treino que "obrigue" os jogadores a tomar a decisão eficaz, decidindo de acordo com o posicionamento dos adversários: vou à bola ou preparo-me para o ruck? 
O que significa neste aspecto que o treino deve ser conduzido no sentido dos jogadores envolvidos reconhecerem e qualificarem as ameaças que enfrentam. Decidindo de acordo com o desafio que enfrentam.

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